As recentes invasões organizadas por movimentos sociais em Natal causaram um prejuízo estimado em R$ 3 milhões ao setor de supermercados, segundo o empresário Eugênio Pacelli, diretor da Associação de Supermercados do RN (Assurni). A informação foi dada nesta quarta-feira (28), durante depoimento à CEI das Invasões, comissão especial da Câmara Municipal que investiga ocupações ilegais na cidade.

O valor foi apurado por meio de estudos da Fecomércio, considerando a queda no fluxo de clientes e nas vendas durante as manifestações. De acordo com Pacelli, três das quatro ações ocorreram em dezembro, mês mais lucrativo para o setor. “É o mês de maior faturamento, e as ações impactaram diretamente o movimento nas lojas”, explicou.

Pacelli também revelou que, embora tenha havido uma doação nacional de 20 mil cestas básicas feita pela rede Carrefour após negociação com os movimentos sociais, nenhum grupo procurou formalmente os supermercados locais ou a Assurni antes das manifestações para solicitar ajuda. Ele ressaltou que, apesar do impacto comercial, as ações foram pacíficas, sem registros de vandalismo ou violência física, e duraram cerca de quatro horas.

Na mesma sessão, Bianca Soares, representante do Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB), defendeu as ações como ocupações pacíficas, não invasões, e justificou que elas visam chamar atenção para a grave crise habitacional no país. Segundo ela, existem mais de 8 milhões de famílias sem moradia e cerca de 11 milhões de imóveis abandonados, sendo 30 mil apenas em Natal.

Bianca afirmou que o MLB atua há 21 anos na cidade e atualmente organiza cerca de 300 famílias em três ocupações. O movimento participa de conselhos municipais e exerce controle social sobre políticas públicas de habitação. Ela relatou ter entrado no MLB após viver em uma casa superlotada e sem condições de pagar aluguel. “Nosso objetivo é garantir dignidade por meio do direito à moradia”, declarou, destacando que as ações buscam visibilidade para a urgência do problema habitacional.