O vídeo “Adultização”, publicado pelo influenciador Felipe Bressanim (Felca) em 6 de agosto, expôs como criadores lucram com conteúdos sexualizados de crianças e adolescentes, alcançando mais de 41,2 milhões de visualizações até 15 de agosto. A repercussão levou a um aumento de 114% nas denúncias de pornografia infantil à SaferNet Brasil (1.651 registros entre 6 e 12 de agosto, contra 770 no mesmo período de 2024). O presidente da ONG, Thiago Tavares, destacou que o tema não gerava debate tão amplo há anos.
O vídeo denuncia a distribuição de material pelo Telegram, uso de siglas e emojis para disfarçar conteúdos ilegais e explica o “Algoritmo P”, pelo qual as redes passam a recomendar vídeos sexualizados de menores, ampliando a exposição. Felca citou o caso do influenciador Hytalo Santos, investigado desde 2024 e preso preventivamente em 15 de agosto após a repercussão.
No Rio Grande do Norte, a Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos registrou 91 violações sexuais contra crianças e adolescentes até 11 de agosto, contra 66 em todo 2024. As denúncias podem ser feitas pelo Disque 100 ou site oficial.
A psicóloga Geruza dos Anjos alertou para os efeitos psicológicos:
- Curto prazo: medo, ansiedade, vergonha, culpa, isolamento, queda escolar, insônia e dores físicas.
- Longo prazo: transtorno de estresse pós-traumático, depressão, baixa autoestima e comportamentos autodestrutivos.
Ela destacou a importância de observar sinais como uso secreto de celular, isolamento e alterações de humor, além de criar um ambiente de diálogo seguro e educação digital.
A repercussão gerou reações políticas.
- Carla Dickson (União-RN) propôs uma CPI sobre sexualização de menores.
- Fernando Mineiro (PT-RN) defendeu lei para regulamentar redes sociais e responsabilizar big techs.
- Robinson Faria (PP-RN) apresentou projeto para alterar o ECA, aumentando penas quando houver lucro na exploração sexual online.
- O Governo Federal enviou projeto de lei que prevê sanções a plataformas, incluindo suspensão temporária sem decisão judicial.
- O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), anunciou prioridade a 32 projetos que tratam do tema.
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